Monday, July 02, 2007

Cinco Minutos para Viver

E, naqueles cinco minutos antes de se conseguir o que quer, temos a sensação de toda a vida está sob nosso controle. Nos cinco segundos subseqüentes nada mais interessa.
O interessante, de fato, é o tamanho controle que nosso próprio autocontrole detém sobre nós. Pois, se controlamos o que queremos, queremos pouco, pouco o suficiente para se controlar.

No entanto, receber a nostalgia como modo de vida está longe de nos tornar pessoas melhores, ou sob controle. Um modo de vida padronizado transforma em tédio as aventuras mais loucas e confunde sentimento com uma simples e aguda dor de cabeça.
Chegamos ao ponto em que se quer o que se pode. Gostamos de quem gosta de nós. Arriscamo-nos em áreas profissionais pertinentes ao mercado atual. Almejamos dinheiro, sucesso e segurança.
Somos normais.

A objetividade conquistou o subjetivo como os grandes impérios romanos. Forçaram-nos (um alguém desconhecido vil e cruel que nada tem a ver conosco, pobres vítimas que somos) a ser doutrinados e obedientes às regras do bom senso. Ensinaram-nos que sonhar, em geral, não leva a nada e que é melhor um pássaro na mão do que dois voando.
Reduzimos as pequenas felicidades à insensatez, onde os atos extravagantes clamam imprudência.

O acessível tomou conta do emocionante assim como as máquinas, um dia, substituirão o homem.
Abdicamos do viver em prol da sobrevida.

Não estou a criticar nossa capacidade de escolher o que nos melhor convém, muito menos a incentivar atitudes impensadas. Apenas procuro me lembrar que, diante desta melancolia provocada por prever o futuro, há algum equilíbrio.
Talvez se não soubéssemos antes que vai chover, deixássemos os guarda-chuvas em casa e apreciaríamos as gotas no rosto. E nesse instante, entenderíamos o prazer de viver por momentos. Quem sabe, assim, pode a utopia tornar-se verdade.
Viver é também descontrolar-se dentro dos limites e jogar-se do precipício de pouca altitude.
Desafio maior é aprender a viver sem contar com os próximos cinco minutos. Fechar os olhos e tentar manter o percurso.

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