Friday, September 05, 2008

O nó.


Existe um nó.
Bem aqui, entre a garganta e o peito.
E mesmo que a gente sinta na pele, sabe que vem de dentro.

Eu tenho um nó, bem aqui, no pensamento. É como se eu tivesse aqui, na cabeça, milhares de rascunhos de idéias, todas esbravejando e lutando por prioridade de desenvolvimento. Eu penso em tudo e, portanto, não penso em nada.
Dá vontade de dizer, fazer, gritar, qualquer coisa que o faça desenlaçar, esse nó que eu tenho.
Ando por ai me sacudindo, que é pra ver se cai. As vezes tento engolir, afogar, mas ele entranha mais em mim.

Tem de sair, esse nó que eu tenho e que me enlaça, me amarra, me provoca. É um peso agudo, uma dor controlada, uma forma sólida e uma coisa abstrata, é uma contradição.
É isso, eu tenho aqui uma contradição, no fundo do peito, na pele, na mente.
Meus opostos devem ter ido de encontro um ao outro e resolveram se emaranhar bem aqui, na garganta.

Esse nó que existe, bem aqui, por dentro e por fora, na estrutura óssea, é o frio das palavras não ditas, dos momentos esquecidos, do embaraço, a saudade não sei de quem, a vontade não sei de que.
E por causa desse nó eu me aventuro, me confundo, meto os pés pelas mãos, falo besteira, penso constante.

Esqueço-me dele por um tempo e sinto uma liberdade vigiada, como se lá estivesse ele, o nó, à espreita, aguardando o momento que eu baixe a guarda.
Mas se o consigo enganar, rapidamente me encho de vazio, e o vazio é maior e mais aterrorizante que o nó.

Eis então a grande questão, se o perco, não sinto. Se não sinto, não sei, não vivo.
Eu vivo assim, com um nó, bem aqui, que me preenche. E toda madrugada ele me acorda com uma pontada.

Mas eu já não me zango, é apenas a sua forma de me lembrar: “ei, você está viva”.

Tuesday, February 19, 2008

O Alívio da Negação

Ilude-se com a idéia de que tudo isto é ilusão.
O que não existe justifica o não sentir. Não podes ter o que não há.
Enclausura-se na certeza dos mistérios da emoção.
Proteção.

Vai, inventa miragens de um amor que não pode ser.
Imagina, cria, desenha à sua frente o que só os cegos podem ver!
Não pode ser, não sabes sofrer.

Anuncias que não há, enquanto procuras incessante.
Por que não aceitas que também és merecedor?
Caminhas por terras ermas, errante.
Talvez, procurando um pouquinho mais de dor.

Vai, toma as rédeas e muda o circuito!
Mesmo cansado, ainda não está em tempo de desistir.
Quem muito almeja, um dia alcansa.
Seja feliz, vire criança.

Não, não é pecado.
Ela está ali, logo ao lado.

Sunday, February 17, 2008

Velinhas de Desejos e Segredos de Chocolate

Certo dia, uma menina sonhou. Afundada entre pensamentos e penas de ganso, ela repousava profundamente em sua inocência e imaginara-se crescida, altiva e de grande sucesso.
Vira-se casada, com dois filhos de comercial de televisão, um marido atencioso e carreira promissora. Ela era jornalista das mais conceituadas, o mundo a reverenciava por sua ética e boa escrita. Sempre convidada para os melhores eventos do ano, portava-se impecável. Seus filhos eram exemplos na escola dos sonhos e todas as suas amigas a rondavam por admiração.
Até o dia que ela não fora trabalhar.
Deste sonho, em que tudo dera certo, ela se cansou.

Decidiu investir em outro ramo de suas aspirações, descartou o marido e, neste sonho, resolveu não ter filhos, ela queria continuar jovem. Tornara-se agora artista, das mais famosas e belas.
Ela tinha todos os homens aos seus pés e as mulheres a invejavam como nenhuma outra. “A fama subiu a cabeça”, diziam. Mas ela não acreditava, sentia-se cada vez mais poderosa, invencível quase e teve a certeza de que o mundo não sobreviveria sem tê-la a idolatrar.
Vestia casacos de pele, sapatos e bolsas de couro legítimo e logo, todos os seus princípios escorreram pelo esgoto de suas idéias.
Mais um dia e ela sofrera um acidente, perdendo a beleza na qual sua vida se apoiava.
Desistiu deste também.

Em sua próxima tentativa, quis ser resultado de profundos esforços de toda uma vida e tornara-se uma intelectual.
De primavera a primavera ela atuava para o bem de seu próximo, estudava os céus e a terra, órgãos e microorganismos. Ganhou prêmios, ajudava aos pobres e deficientes, consideravam-na um verdadeiro tesouro da humanidade.
Os que dela se aproximavam eram considerados leigos e, na perspectiva de finalizar sua ignorância, ela sentia-se como se desse uma eterna aula sobre o estabelecimento de conversas produtivas, encontrando um bem maior nas relações humanas.
Logo, adentrara sem retorno na solidão dos que sabem demais.

Na eterna busca pela medida certa de esplendor, o sonho enegreceu. Suas maiores aspirações deram lugar aos mais desesperados temores e ela agora se via no jardim de encruzilhadas. A luz tênue fornecia apenas a certeza de que estava sozinha e, assim estando, custava a ela (e a ela somente) o fardo de trilhar sua própria vida.
Vacilou, a princípio. Chegou a pensar onde estava o ombro amigo que precisava. Descobriu que se não lhe dera a devida importância em seu devaneio de vitórias, com certeza este não vagava por estas terras de solidão. Pensou em desistir.
No entanto, suas pernas trêmulas aceitaram o desafio que a mente não ousava considerar. Ela foi em frente.

Acordou na manha de seu aniversario ainda atordoada pelo insucesso de seus questionamentos e ambições. Sorrindo amarelo e com olhos vagos, recebia os convidados e seus formais desejos de 'felicidades' e 'tudo de bom', perguntando-se o que realmente eles lhe desejavam.
Que tipo de felicidades correspondem estas afirmações? Paz, amor e saúde são os conceitos clássicos, mas a que custo e intensidade obtê-los? Será que eles compreendiam o sentido de felicidade para ela e, desta maneira, o que verdadeiramente a faria feliz? Ou diziam aquilo apenas porque era de praxe, uma frase automática sem resquícios de interesse real, como os que complementam um “Oi” com “tudo bem?” desprovidos de qualquer curiosidade se a pessoa realmente vai bem ou mal.

“Feliz aniversário, felicidades!”, lhe disseram, seja lá o que isso quer dizer.
Entoaram os parabéns em volume e animação dignos de um ente amado. Percebeu, então, que dera valor demasiado aos padrões de felicidade sugeridos tanto por seus mais próximos amigos quanto ao ideal imposto pela sociedade.
Seguir o caminho indicado por placas de transito a faria viver num mundo de cores desbotadas. Melhor seria enfrentar o túnel de suas limitações rumo ao minusculo ponto de luz à frente.

Assim, ao apagar as velinhas ela se sentiu um tanto boba ao pedir sua única certeza: “Quero encontrar o meu modo de ser feliz.”

Wednesday, February 13, 2008

Madrugada dos Insones

Acordei às três da manhã sem ter o que dizer. Acordei e era apenas sensação.
O corpo deitado ao meu lado não tinha face, tentei lembrar o que fizera na noite anterior.
Sim, agora me recordo. Tinha ido a um bar e, no ultimo suspiro de desespero, encontrei algo que me fizesse parar de pensar.
Quem é este estranho, que repousa tão sereno diante deste turbilhão de emoções que me assola somente na madrugada?

Tentei acordá-lo, perguntar-lhe o que ali fazia, se a única função que lhe designei ele não conseguira cumprir. Tinha vontade de gritar-lhe a plenos pulmões: Por que me fizeste acordar desta maneira? Não tenho eu também o direito de dormir? Devias ter me ocupado, por favor, imploro que me afastes estes pensamentos!
Ele respirou fundo, ainda adormecido, e me deu as costas.

Exposta ao relento de minhas confusões tentava, quase em vão, encontrar entre cartas e textos rasgados o sono e a calma que insistiam em abandonar-me. Decidi então que viveria um tempo paralelo aos de qualquer outro. Quem disse que não se pode tomar café da manha e começar um novo dia ás 03h47min? A partir desta madrugada, eu iniciaria uma nova rotina, compensando as noites mal-dormidas em desleixados cochilos durante a tarde.

O homem ao meu lado se virou, olhou-me nos olhos e disse: “Dorme”. Obedeci-o. Finalmente lembrei seu nome, chamava-se Solidão.

Thursday, August 09, 2007

Do que fui e do que sou

Já fui de me esconder atras do humor, de justificar por timidez a minha covardia.
Um milhão de oportunidades perdidas depois, resolvi que prefiro apostar no incerto do que ter a certeza de me manter inerte.
Não há dor maior do que ser prisioneiro do próprio medo. E não há sentimento pior do que não ter o que sentir..

Wednesday, August 08, 2007

Um caso à parte

No momento que entrei na sala senti todos os olhos sobre mim. O faxineiro acabara de limpar, levando dali pegadas de lama, perfumes baratos e histórias contadas. A lâmpada do abajur mal-colocado no canto da sala piscava vigorosamente, tornando macabras as expressões de tédio dos que estavam perto.
Notei que esperavam alguém, ou algo de alguém que soubesse por que os tinham convocado. Diante de tamanho burburinho provocado pela minha chegada reprimi-me por estar mais uma vez atrasada. O que fazer agora? Era esperado que fizesse um discurso? Apavorada disse um constrangido “olá” e escondi-me no fundo da sala, certificando-os que não era eu a culpada da repentina quebra de suas rotinas. Eu dizia-lhes sem pronunciar “estou do seu lado, sou mais uma para reforçar-lhes a confusão.” Apenas um homem continuava virado em minha direção, este revirou os olhos e deu um disfarçado grunhido de insatisfação. Detestei aquele homem.

Um segundo depois (ou o que me pareceram cinco minutos), este mesmo homem se levanta e, com ares de humorista, convoca sua equipe para dizer-lhes suas atividades. Duas semanas teríamos de conviver e tentar desenvolver nosso projeto mais complexo: teríamos de nos conhecer.
Imediatamente saímos para tomar uma cerveja – todos nós concordamos que as melhores histórias transbordam em uma mesa de bar. Logo após a rodada de apresentação, falávamos de frutas. Prevendo que o assunto não acabaria tão cedo, tomei as rédeas da apresentação e me retirei. Acredito que eles tenham concluído que eu era uma pessoa que apreciava um bom sono, ou pensaram que não gostava de discutir frutas. Era um bom começo.

No decorrer das duas semanas ficamos muito próximos, aprendemos a dividir confidências, discorrer sobre presente, passado e futuro. No entanto, o que mais me intrigava era o homem que uma vez dissertara sobre a importância das atividades que iríamos exercer. “Conhecer quem nos ronda é essencial para quem conheçamos a nós mesmos”, ele nos disse. Era uma pessoa brilhante, de um sarcasmo lírico, comunicativa em um modo quase cômico. Perguntava-nos sempre como estávamos, criticava e discorria sobre nossos repetidos assuntos, mas sempre.. sempre desviava o olhar. Aquele homem não queria ser descoberto. Meu objetivo tinha mudado.
A partir do momento em que fui capaz de capturar um olhar fugitivo, alterei as coordenadas de meu destino e dediquei-me a descobrir algum dos muitos porquês desse alguém que insiste em seu mistério. Ele tinha a maior cápsula protetora que já conheci. Um alguém com uma docilidade extrema, a quilômetros de distância.

Talvez para evitar que as reais perguntas sejam feitas, contou-me muito das coisas que não lhe importavam. Críticas duras a assuntos maleáveis, ele deixava-se envolver simplesmente para no último minuto recuar. Por vezes, consegui capturar um fragmento de olhar interessado, ou mesmo um suspiro nervoso. Ele fora traído pelo que não dizia, uma contradição ambulante entre meios verbais e não verbais. Este homem insinuava ser impossível agradar, justamente para fazer-nos desistir da tentativa.

Era um líder do mundo subjetivo. Tão certo de seus princípios que abdicou dos sonhos inocentes e estabeleceu a ditadura sobre si. Construiu á sua volta uma muralha quase perfeita e, como eu, teve de lutar com a dualidade entre o não querer ser compreendido e a vontade de ser descoberto.

Falhei como sabia que iria. O que descobri sobre este homem foi uma ínfima parte diante de quem tem tanto a oferecer. Mas como ele mesmo nos disse, conheci um pouco mais de mim. Pulsava em mim um interesse vivo sobre os outros. Vivacidade esta que senti apenas em meus 7 anos de idade, quando ganhei meu primeiro livro.

Ainda era madrugada quando despertei. Ainda assim, sentia ter dormido por horas, anos. É curioso como tendemos a arregalar os olhos na falta da luz e, no entanto, viver de olhos fechados. Este homem que nunca conheci transformou-se em tudo o que esperava. Ele era um cavaleiro mítico de armadura reluzente, um príncipe de sorriso doce e palavras furtivas. Um ser à parte: errante, fascinante.

Para voar

Ao som do encontro entre as primeiras gotas de chuva e a face dos que choram, grite.

E, com a simplicidade de um juntar de pálpebras, sinta os pés deixarem o chão. Levite.

Monday, July 23, 2007

Dos dias de hoje

Estou só. Eis a frase que muitos querem e têm de proferir. O telefone toca sem parar e estou só. O fim de semana é repleto de programações, revestido novas descobertas, ainda só. Acordo, trabalho, conversas intermináveis, só.
Vivo em piloto automático, vejo, não sinto. Minhas piadas são sempre as mesmas, meus amores, rotineiros. Não encaro. Desligo.
Pergunto-me onde foram parar as flores e porque estão calmos os mares do pensamento. Onde estão meus livros?
Recorro à leitura, que conhece a mim como nenhum outro. Recuo diante àquela que, mascarada por calmaria se dispõe a confrontar-me comigo.
Consolido o encontro, referencio ao inimigo sempre presente. Rendo-me à solidão.

Aos Grandes

Desprezam-nos por serem maiores, diminuímo-los por sentirem-se tal. Será que nossas prioridades são universais? Teremos todos que nos adaptar ao que alguém um dia chamou de bom?
Ainda tento entender como podemos nos vangloriar de ser diferentes, se a todo tempo procuramos alguém que também o seja (exatamente como nós).
Ainda procuro resposta para os tons de desprezo e expressões desgostosas.
Prendo a respiração e reviro os olhos toda vez que as encontro. Não, não posso confrontá-las, elas fazem parte de mim.
Às vezes, gostaria de ser um pouco menos e dizer-lhes que não é tão ruim. Libertar-me da agonia dos que sabem (que há muito mais a saber) e gozar do silêncio dos que não competem.
Às vezes, quero ser menor, apenas um ser inconsciente de sua ignorância, um vivente de instinto.
Adoram-nos pela expressão de sucesso que construímos ao longo de anos de fracasso. Assistem ao nosso teatro de horrores e aplaudem. Deixam-nos sentir que somos grandes.

Monday, July 02, 2007

Cinco Minutos para Viver

E, naqueles cinco minutos antes de se conseguir o que quer, temos a sensação de toda a vida está sob nosso controle. Nos cinco segundos subseqüentes nada mais interessa.
O interessante, de fato, é o tamanho controle que nosso próprio autocontrole detém sobre nós. Pois, se controlamos o que queremos, queremos pouco, pouco o suficiente para se controlar.

No entanto, receber a nostalgia como modo de vida está longe de nos tornar pessoas melhores, ou sob controle. Um modo de vida padronizado transforma em tédio as aventuras mais loucas e confunde sentimento com uma simples e aguda dor de cabeça.
Chegamos ao ponto em que se quer o que se pode. Gostamos de quem gosta de nós. Arriscamo-nos em áreas profissionais pertinentes ao mercado atual. Almejamos dinheiro, sucesso e segurança.
Somos normais.

A objetividade conquistou o subjetivo como os grandes impérios romanos. Forçaram-nos (um alguém desconhecido vil e cruel que nada tem a ver conosco, pobres vítimas que somos) a ser doutrinados e obedientes às regras do bom senso. Ensinaram-nos que sonhar, em geral, não leva a nada e que é melhor um pássaro na mão do que dois voando.
Reduzimos as pequenas felicidades à insensatez, onde os atos extravagantes clamam imprudência.

O acessível tomou conta do emocionante assim como as máquinas, um dia, substituirão o homem.
Abdicamos do viver em prol da sobrevida.

Não estou a criticar nossa capacidade de escolher o que nos melhor convém, muito menos a incentivar atitudes impensadas. Apenas procuro me lembrar que, diante desta melancolia provocada por prever o futuro, há algum equilíbrio.
Talvez se não soubéssemos antes que vai chover, deixássemos os guarda-chuvas em casa e apreciaríamos as gotas no rosto. E nesse instante, entenderíamos o prazer de viver por momentos. Quem sabe, assim, pode a utopia tornar-se verdade.
Viver é também descontrolar-se dentro dos limites e jogar-se do precipício de pouca altitude.
Desafio maior é aprender a viver sem contar com os próximos cinco minutos. Fechar os olhos e tentar manter o percurso.

Wednesday, March 07, 2007

Reduzindo ao Máximo

Cada vida particular compreende milhares de fragmentos que, juntos formam um todo. Ao olhar de longe, a figura se apresenta opaca, sem particularidades, porém completa. Consiste à verdadeira busca do ser humano conhecer cada pedaço que lhe compõe. Filósofos utilizam livros, palavras, pensamentos para compreender a complexidade humana, músicos se guiam pelo som e transbordam-se em suas almas, pintores vivem em um mundo de imagens e retratos onde seu mundo particular combina-se com outros. É fechar os olhos e ver-se formar em sua magnitude. O verdadeiro auto-conhecimento seria... Deus?
As religiões são caminhos para se chegar a si mesmo. As pessoas se relacionam para atingir, também, a essência do próximo e caso não estejam preparadas para tamanho passo, forma-se um vazio. Vazio o qual mobilizará toda uma vida em busca de preenchimento. A procura de um encaixe perfeito, de um desenho mais bonito nos faz desprezar, muitas vezes, peças que muito nos custaram adequação. Um vazio cujo pedaço não está ao alcance.
O curioso é que, talvez, a ‘grande força’, ‘Deus’ ou quaisquer definições que se possam existir, seja exatamente a junção das peças de um grandioso quebra cabeças. E tais peças crescem em sua complexidade no máximo que possam se fragmentar. O menor é grandioso.
A vida é feita de menos que momentos, ela é feita de sensações. Uma vez alcançado o seu ‘eu interior’, busca-se a completude pelo combinar de suas próprias pecas com as de outrem e, a partir daí dois viram um e três viram um e o mundo vira, ele mesmo.

Wednesday, June 21, 2006

Pra começo de história

Não, não vou começar com "era uma vez", embora, um dia, fui. Fui o que ainda hei de ser, talvez por teimosia de fazer do presente o futuro esperado.
Começarei por dizer que sou, antes de tudo o que não gostaria de ser.
Sou constantemente inconstante e obstinadamente indecisa. Eu sou uma antítese, muitas vezes várias.

Mas de que adianta falar de mim?! Se você me conhece sabe, que não sabe.

Destino aqui a reconstrução de meu caderno de notas, uma vez perdido. Sim, perdi meu caderno de notas. Mas só o perdi, pois achei que este pudesse ser divido e assim, completo.
Mais um erro por antecipação. Achei, que se escrevesse minha história por diversas mãos, o trabalho estaria feito, e como nenhum outro!
Agora não mais! Aprendi que, a construção da história é feita linha por linha, e estas, palavra por palavra. E tais palavras, compostas por letras minhas foram, serão.

Muito sei que parece egoísmo, mas a individualidade não deve ser menosprezada. A vida é feita de relações que são estabelecidas por uma decisão individual. Uma vida individual.
Compartilhar é, definitivamente, satisfatório. Já dividir...

Sim, este lugar é meu. Assim como o caderno de notas um dia fora.