Wednesday, February 13, 2008

Madrugada dos Insones

Acordei às três da manhã sem ter o que dizer. Acordei e era apenas sensação.
O corpo deitado ao meu lado não tinha face, tentei lembrar o que fizera na noite anterior.
Sim, agora me recordo. Tinha ido a um bar e, no ultimo suspiro de desespero, encontrei algo que me fizesse parar de pensar.
Quem é este estranho, que repousa tão sereno diante deste turbilhão de emoções que me assola somente na madrugada?

Tentei acordá-lo, perguntar-lhe o que ali fazia, se a única função que lhe designei ele não conseguira cumprir. Tinha vontade de gritar-lhe a plenos pulmões: Por que me fizeste acordar desta maneira? Não tenho eu também o direito de dormir? Devias ter me ocupado, por favor, imploro que me afastes estes pensamentos!
Ele respirou fundo, ainda adormecido, e me deu as costas.

Exposta ao relento de minhas confusões tentava, quase em vão, encontrar entre cartas e textos rasgados o sono e a calma que insistiam em abandonar-me. Decidi então que viveria um tempo paralelo aos de qualquer outro. Quem disse que não se pode tomar café da manha e começar um novo dia ás 03h47min? A partir desta madrugada, eu iniciaria uma nova rotina, compensando as noites mal-dormidas em desleixados cochilos durante a tarde.

O homem ao meu lado se virou, olhou-me nos olhos e disse: “Dorme”. Obedeci-o. Finalmente lembrei seu nome, chamava-se Solidão.

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